segunda-feira, 15 de junho de 2009

TRANSCENDENDO OS SENTIMENTOS


Uau! Tanto tempo se passou...tantas coisas eu vivi...quantas lágrimas chorei!
Agora, feliz da vida, venho compartilhar um texto esclarecedor, certeiro e uma lição de vida, filosofia!

Trata-se de um trecho do livro "Paz a Cada Passo", Editora Rocco, 1996.
Por Thich Nhat Hanh

"O amor é um desejo de trazer paz, alegria e felicidade a outra pessoa. A compaixão é um desejo de eliminar o sofrimento que atinge o outro. Todos nós temos em nossas mentes as sementes do amor e da compaixão e podemos ampliar essas belas e maravilhosas fontes de energia. Podemos fazer crescer o amor incondicional que nada espera em troca e que, portanto, não conduz à ansiedade e à mágoa.

A essência do amor e da compaixão é a compreensão, a capacidade de reconhecer o sofrimento físico, material e psicológico de outros, de nos sentirmos "na pele" do outro. Mergulhamos em seu corpo, em seus sentimentos, em suas formações mentais e presenciamos seu sofrimento em nossos próprios olhos. A observação superficial, na qualidade de alguém "de fora" não basta para que vejamos seu sofrimento. Precisamos nos tornar como um objeto de nossa observação. Quando estivermos em contato com o sofrimento do outro, nascerá em nós um sentimento de compaixão. O significado literal do termo "compaixão" é "sofrer com o outro".

Começamos por escolher como nosso objeto de meditação alguém que esteja passando por sofrimento físico ou material, alguém que seja fraco, um pobre, um oprimido ou desprotegido. Este tipo de sofrimento é fácil de se ver.

Depois, podemos praticar o contato com formas mais sutis de sofrimento. Às vezes, a pessoa não parece estar sofrendo, mas podemos perceber que ela tem mágoas que deixaram marcas ocultas. Gente com excesso de conforto material também sofre. Examinamos profundamente a pessoa que é o objeto da nossa meditação sobre a compaixão, durante a meditação sentada e também quando estivermos com ela. É preciso que nos proporcionemos tempo suficiente para entrarmos em contato profundo com seu sofrimento. Continuemos a observá-la até que a compaixão surja e impregne o nosso ser.

Quando observamos em profundidade, o fruto da nossa meditação naturalmente se transformará em algum tipo de ação. Não diremos simplesmente, "Eu o amo muito", mas em vez disso, "Farei alguma coisa para diminuir seu sofrimento".

A idéia da compaixão está presente de fato quando ela consegue eliminar o sofrimento do outro. Devemos descobrir formas para fortalecer nossa compaixão e para lhe dar expressão. Quando entramos em contato com o outro, nossos pensamentos e atos deveriam transmitir nosso desejo de compaixão, mesmo que o outro diga e faça algo que não seja fácil de se aceitar.

Praticamos dessa maneira até percebermos com clareza que nosso amor não depende do outro ser amável ou não. Só assim podemos saber que nossa compaixão é firme e verdadeira. Nós mesmos ficaremos mais à vontade e, a pessoa que vem sendo objeto da nossa meditação acabará também se beneficiando. Seu sofrimento diminuirá lentamente, e sua vida aos poucos se tornará mais luminosa e mais alegre graças à nossa compaixão.

Podemos também meditar sobre o sofrimento daqueles que nos fazem sofrer. Quem quer que já nos tenha feito sofrer, sem sombra de dúvida sofre também. É preciso apenas que acompanhemos nossa respiração e olhemos em profundidade. Veremos, naturalmente, seu sofrimento. Parte das suas dificuldades e tristezas pode resultar da falta de prática dos seus pais quando ele ainda era pequeno. Seus próprios pais, porém, podem ter sido vítimas dos seus respectivos pais. O sofrimento foi transmitido de geração a geração, renascendo nele. Se percebermos isso, não iremos mais culpá-lo por nos fazer sofrer, já que sabemos que ele também é vítima. Olhar em profundidade é compreender. Uma vez que tenhamos compreendido os motivos para seu comportamento condenável, nosso rancor com relação a ele desaparecerá, e nós sentiremos o profundo desejo de que ele sofra menos.

Podemos sorrir, nos sentindo refrescados e leves. A presença do outro não é necessária para que se produza uma reconciliação. Quando olhamos em profundidade, estamos nos reconciliando com nosso verdadeiro eu. Para nós, o problema já não existe. Mais cedo ou mais tarde, ele perceberá nossa atitude e partilhará do frescor da corrente de amor que flui naturalmente do nosso coração."


E aí...fez pensar ao menos? Então valeu!
Bjs e inté!